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domingo, 8 de abril de 2012

O Julgamento ►

Havia numa aldeia um velho muito pobre,
mas até reis o invejavam, 
pois ele tinha um lindo cavalo branco.
Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, 
mas o homem dizia:
"Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa.
E como se pode vender uma pessoa, um amigo?"
O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo.
Numa manhã descobriu que o cavalo não 
estava na cocheira.
A aldeia inteira reuniu e disseram:
Se velho estúpido! 
Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado.
Teria sido melhor vendê-lo.
Que desgraça!
O velho disse: "Não cheguem a tanto.
Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira.
Este é o fato; o resto é julgamento.
Se se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei,
porque este é apenas um fragmento.
Quem pode saber o que vai se seguir?"
As pessoas riram do velho.
Elas sempre souberam que ele era um pouco louco.
Mas quinze dias depois, de repente, 
numa noite, o cavalo voltou.
Ele não havia sido roubado, 
ele havia fugido para a floresta.
E não apenas isso, 
ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.
Novamente as pessoas se reuniram e disseram:
"Velho, você estava certo.
Não se trata de uma desgraça,
na verdade provou ser uma benção."
O velho disse:
"Novamente vocês estão se adiantando.
Apenas digam que o cavalo está de volta...
quem sabe se é uma benção ou não?
Este é apenas um fragmento.
Você lê uma única palavra de uma sentença
- como pode julgar todo o livro?
Desta vez as pessoas não podiam dizer muito,
mas interiormente sabiam que ele estava errado.
Doze lindos cavalos tinham vindo...
O velho tinha um único filho que começou a
treinar os cavalos selvagens.
Apenas uma semana mais tarde,
ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas.
Novamente as pessoas se reuniram,
e mais uma vez julgaram.
Elas disseram:
"Você tinha razão novamente.
Foi uma desgraça.
Seu único filho perdeu as pernas,
e na sua velhice ele era seu único amparo.
Agora você está mais pobre do que nunca."
O velho disse:
"Vocês estão obcecados por julgamentos.
Não se adiantem tanto. 
Digam apenas que meu filho fraturou as pernas.
Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma benção.
A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado."
Aconteceu que, depois de algumas semanas,
o país entrou em guerra, e todos os 
jovens da aldeia foram forçados a se alistar.
Somente o filho do velho foi deixado para trás, 
porque era aleijado.
A cidade inteira estava chorando,
lamentando-se porque aquela era uma luta perdida e
sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria.
Elas vieram até o velho e disseram:
"Você tinha razão, velho - aquilo se revelou uma benção.
Seu filho pode estar aleijado,
mas ainda está com você.
Nossos filhos foram-se para sempre."
O velho disse mais uma vez:
"Vocês continuam julgando.
Ninguém sabe!
Digam apenas que seus filhos foram forçados a
entrar para o exército e que meu filho não foi.
Mas somente Deus, a totalidade, sabe se isso é
uma benção ou uma desgraça."
Não julgue, porque dessa maneira jamais se
tornará uno com a totalidade.
Você ficará obcecado com fragmentos,
pulará para as conclusões a partir de coisas pequenas.
Quando você julga, você deixa de crescer.
Julgamento significa um estado mental estagnado.
E a mente sempre deseja julgar,
porque em um processo é 
sempre arriscado e desconfortável.
Na verdade, a jornada nunca chega ao fim.
Um caminho termina e outro começa,
uma porta se fecha e outra se abre.
Você atinge um pico; sempre existe um pico mais alto.
Fique satisfeito de viver o momento e nele crescer...
somente os que pensam e agem assim serão 
capazes de caminhar a totalidade.