Translate ( Traduzir )

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A Plena Atenção ☼


De todas as viagens que podemos empreender,
de todas as conquistas que podemos nos vangloriar,
de todas as emoções que podemos perseguir,
a mais importante experiência é viver o AQUI e AGORA.

O tempo todo ou estamos pensando em
algo do passado ou mentalizando algo do futuro.
Andamos distraídos de nós mesmos,
uma presença ausente.
É por isso que não nos lembramos de
grande parte dos fatos que compõem nossas vidas,
não temos memória sobre aquilo que não colocamos atenção.
O que você estava fazendo há exatamente um mês atrás?
Você poderia descrever com exatidão a
quarta-feira da semana passada?
Que ações, sentimentos, aprendizagens e
encontros ocorreram ontem em sua vida?

A maioria de nós vai lembrar apenas de
situações consideradas marcantes,
ou pelo estresse provocado, ou pela alegria sentida.
Mas a existência, toda ela, deveria ser vivenciada
como algo marcante, afinal se
trata de nossa própria existência.

Usamos a expressão “perda de tempo”,
porém, quando estamos presentes no
aqui e agora nunca há perda.
Se percebo o que estou sentindo,
se aprendo com o que está acontecendo,
se usufruo da oportunidade de estar
vivenciando integralmente a
realidade percebida e além dela,
saio dos extremos da dor e do êxtase e
vivo a profundidade da experiência,
onde tudo é mais nítido.

O que precisamos aprender já está disponível,
a oportunidade é sempre presente, para ser basta estar.
Não é preciso “acontecer” nada, tudo que é “existir”
já está acontecendo.
A grande questão é que enquanto tudo acontece,
nós estamos ausentes, pensando em outra coisa.

Quantas vezes, distraídos de nós mesmos,
esquecemos onde colocamos a caneta
que seguramos na mão,
procuramos os óculos que já
estão sobre nossa face, vamos buscar algo e
esquecemos o que queríamos,
não lembramos o que pensávamos
há apenas segundos atrás.

Esvaziados da experiência do agora,
passamos a vida procurando por alguma
coisa que nos complete,
que dê sentido à nossa existência,
um amor que nos faça felizes,
uma carreira que nos valide,
um sucesso que mostre nossa importância,
uma experiência que seja emocionante.
Queremos o que já possuímos,
pois a existência é a completude,
a felicidade, a confirmação de nosso
valor perante a vida,
a mais emocionante das experiências.

Ser uma “presença presente” em
nossa própria existência é o maior dos desafios humanos.
A viagem mais emocionante, para o lugar mais
interessante sobre a face da Terra,
não será de nenhum valor se estivermos
pensando nas questões que deixamos em casa,
ou preocupados com o que temos que
fazer depois que voltarmos da viagem.

Imagine visitar as pirâmides do Egito,
o Taj Mahal na Índia, as cataratas
de Foz do Iguaçu, enfim as grandes
maravilhas que estão disponíveis e
não prestar nenhuma atenção por estar
pensando em outra coisa.
Seria um grande desperdício, não seria?
Contudo, o tempo todo estamos frente às
maiores maravilhas de nossa existência,
onde cada segundo de vida nos é
oferecido para experienciar, aproveitar,
desfrutar, aprender e mudar,
e passamos batidos, distraídos,
olhando em outra direção, que não seja nós mesmos.

Tem gente perdida no passado.
A maior parte do tempo pensa no que já aconteceu,
por que aconteceu, quem foi o responsável,
bate no peito, chora, reclama, lamenta e
perde a única chance disponível de
fazer valer a existência, vivendo o agora.
Mesmo quando o passado é uma
memória super feliz, ainda assim é
apenas memória e não experiência.
É preciso seguir o momento, mergulhar
no presente e prestar atenção ao que é e não ao que foi.

Outras pessoas estão preocupadas com o futuro.
Tentam antever o que virá, desvendar os
segredos do amanhã, programar-se
para tudo que possa acontecer.
Passam anos se preparando
para um outro momento, desperdiçando
milhares deles na busca de algo
que nunca vai ocorrer, porque estará sempre no amanhã.
É preciso conectar-se ao aqui e agora e
desfrutar da sensação da plena existência,
colocar a atenção ao que é e não ao que pode ser.

A vida está onde a gente a coloca.
Pode estar no passado, no futuro ou no agora.
Pode ser plena ou falha, de acordo com
a limitação de nossa percepção,
porque a vida é e não precisa de
justificativa nem de complementação.
Talvez não seja necessário se tornar “alguém”,
talvez a única questão seja nos tornamos
capazes de ser quem já somos e viver a
plenitude desta magnífica revelação. 

Dulce Magalhães