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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O Carvão►

O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte os seus pés no assoalho da casa. 
Seu pai, que estava indo para o quintal para fazer alguns serviços na horta,  ao ver aquilo chama o menino para uma conversa.
Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado. 
Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritado: 
- Pai, estou com muita raiva. O Juca não deveria ter feito aquilo comigo. Desejo tudo de ruim para ele.
    Seu pai, um homem simples mas cheio de sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a reclamar:
     - O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito. Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.
     O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. 
Levou o saco até o fundo do quintal e o 
menino o acompanhou, calado.
     Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:
     - Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. 
Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou.
     O menino achou que seria uma brincadeira divertida e 
pôs mãos à obra.
     O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo. 
Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. 
O pai que espiava tudo de longe, se aproxima do menino e lhe pergunta:
     - Filho como está se sentindo agora?
     - Estou cansado mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.
     O pai olha para o menino, que fica sem entender a 
razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:
     - Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.
     O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo. 
Que susto! Zeca só conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos. 
O pai, então, lhe diz ternamente:
 - Filho, você viu que a camisa quase não se sujou; mas, olhe só para você. O mau que desejamos aos outros é como o lhe aconteceu. 
Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos.

Pense Nisso!!!