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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Ateu ☼



Conta-se que um farmacêutico se dizia ateu e vangloriava-se de seu ateísmo.
Deus, com certeza, deveria ser uma quimera, uma dessas fantasias para enganar a pessoas incautas e menos letradas.
Talvez alguns mais desesperados que 
necessitassem de consolo e esperança.
Um dia, no quase crepúsculo, 
uma garotinha adentrou sua farmácia.
Era loira, de tranças e trazia um semblante preocupado.
Estendeu uma receita médica e pediu que a preparasse.
O farmacêutico, embora ateu, era homem sensível e emocionou-se ao verificar o sofrimento daquela pequena, que, enquanto ele se dispunha a preparar a fórmula, assim se expressava:
Prepare logo, moço, o médico disse que minha mãe precisa com urgência dessa medicação.
Com habilidade, pois era muito bom em seu ofício, o farmacêutico preparou a fórmula, recebeu o pagamento e entregou o embrulho para a menina, 
que saiu apressada, quase a correr.
Retornou o profissional para as suas prateleiras e preparou-se para recolocar nos seus lugares os 
vidros dos quais retirara os ingredientes para
aviar a receita.
É quando se dá conta, estarrecido,
que cometera um terrível engano.
Em vez de usar certa substância medicamentosa, 
usara a dosagem de um violento veneno, 
capaz de causar a morte a qualquer pessoa.
As pernas bambearam. 
O coração bateu descompassado. 
Foi até a rua e olhou.
Nem sinal da pequena.
Onde procurá-la? O que fazer?
De repente, como se fosse tomado de uma 
força misteriosa, o farmacêutico se indaga:
E se Deus existir...?
Coloca a mão na fronte e em desespero clama:
- Deus se existe, me perdoa.
Faze com que aconteça alguma coisa, 
qualquer coisa para que ninguém beba
daquela droga que preparei.
Me salva, Deus, de cometer um assassinato involuntário.
Ainda se encontrava em oração, 
quando alguém aciona a campainha do balcão.
Pálido, preocupado, ele vai atender.
Era a menina das tranças douradas, 
com os olhos cheios de lágrimas e 
uns cacos de vidro na mão.
- Moço, pode preparar de novo, por favor?
Tropecei, cai e derrubei o vidro.
Perdi todo o remédio.
Pode fazer de novo, pode?
O farmacêutico se reanima.
Prepara novamente a fórmula, 
com todo cuidado e a entrega, 
dizendo que não custa nada.
Ainda formula votos de saúde para
a mãe da garota.
Desse dia em diante, o farmacêutico reformulou 
suas ideias. 
Decidiu ler e estudar a respeito do
que dizia não crer e brincava.
Porque embora a sua descrença,
Deus atendeu a sua oração e lhe estendeu a
Sua misericórdia.
Salmo 121 Elevo os meus olhos para os montes:
De onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez o Céu e a terra!!!