Conta-se
que um farmacêutico se dizia ateu e vangloriava-se de seu ateísmo.
Deus,
com certeza, deveria ser uma quimera, uma dessas fantasias para enganar a
pessoas incautas e menos letradas.
Talvez
alguns mais desesperados que
necessitassem de consolo e esperança.
Um
dia, no quase crepúsculo,
uma garotinha adentrou sua farmácia.
Era
loira, de tranças e trazia um semblante preocupado.
Estendeu
uma receita médica e pediu que a preparasse.
O
farmacêutico, embora ateu, era homem sensível e emocionou-se ao verificar o
sofrimento daquela pequena, que, enquanto ele se dispunha a preparar a fórmula,
assim se expressava:
Prepare
logo, moço, o médico disse que minha mãe precisa com urgência dessa medicação.
Com
habilidade, pois era muito bom em seu ofício, o farmacêutico preparou a
fórmula, recebeu o pagamento e entregou o embrulho para a menina,
que saiu
apressada, quase a correr.
Retornou
o profissional para as suas prateleiras e preparou-se para recolocar nos seus
lugares os
vidros dos quais retirara os ingredientes para
aviar
a receita.
É
quando se dá conta, estarrecido,
que
cometera um terrível engano.
Em
vez de usar certa substância medicamentosa,
usara a dosagem de um violento
veneno,
capaz de causar a morte a qualquer pessoa.
As
pernas bambearam.
O coração bateu descompassado.
Foi até a rua e olhou.
Nem
sinal da pequena.
Onde
procurá-la? O que fazer?
De
repente, como se fosse tomado de uma
força misteriosa, o farmacêutico se
indaga:
E
se Deus existir...?
Coloca
a mão na fronte e em desespero clama:
-
Deus se existe, me perdoa.
Faze
com que aconteça alguma coisa,
qualquer coisa para que ninguém beba
daquela
droga que preparei.
Me
salva, Deus, de cometer um assassinato involuntário.
Ainda
se encontrava em oração,
quando alguém aciona a campainha do balcão.
Pálido,
preocupado, ele vai atender.
Era
a menina das tranças douradas,
com os olhos cheios de lágrimas e
uns cacos de
vidro na mão.
-
Moço, pode preparar de novo, por favor?
Tropecei,
cai e derrubei o vidro.
Perdi
todo o remédio.
Pode
fazer de novo, pode?
O
farmacêutico se reanima.
Prepara
novamente a fórmula,
com todo cuidado e a entrega,
dizendo que não custa nada.
Ainda
formula votos de saúde para
a
mãe da garota.
Desse
dia em diante, o farmacêutico reformulou
suas ideias.
Decidiu ler e estudar a
respeito do
que
dizia não crer e brincava.
Porque
embora a sua descrença,
Deus
atendeu a sua oração e lhe estendeu a
Sua
misericórdia.
Salmo
121►
Elevo os meus olhos para os montes:
De onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez o Céu e a terra!!!
De onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez o Céu e a terra!!!